Japonesa é o nome da primeira búfala gerada pela técnica de fertilização in vitro na região do Marajó, no Pará. Foram mais de três décadas de estudos até o nascimento da bezerra bubalina, em dezembro de 2021. O projeto “Biotecnologia da Produção de Bubalinos” é uma iniciativa desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) e a Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), com apoio da Fundação Amazônia de Amparo a Estudo e Pesquisa (Fapespa), com investimento do Governo do Estado do Pará que busca melhorar a produtividade do rebanho bubalino. 6r4a1x
“Esse trabalho busca achar soluções viáveis e inovadoras para as problemáticas locais relacionadas a essa produção, fortalecer os vínculos regionais e implementar práticas sustentáveis do manejo. Devido aos esforços dos pesquisadores, o projeto rendeu os primeiros frutos: o nascimento da primeira búfala de proveta. Essa iniciativa representa como o incentivo do Governo do Estado e da Fapespa em levar ciência, tecnologia e inovação por todo o Pará produziu um marco para a ciência regional e nacional”, ressalta Marcelo Botelho, presidente da Fapespa.
O médico veterinário e doutor em ciência animal, Sebastião Rolim, um dos pesquisadores que coordenam a pesquisa, explica que devido aos avanços biotecnológicos é possível utilizar de maneira mais abrangente indivíduos de alto valor produtivo. O pesquisador afirma que o nome da búfala é uma homenagem ao legado do professor Otávio Ohashi, descendente de japoneses, que participou desde o início do estudo e morreu no início de 2021, vítima da Covid-19.
“Nossa pesquisa busca tentar aumentar a produção de leite e de carne, através da difusão mais rápida e eficiente de material genético de alto valor zootécnico, além de difundir entre pequenos produtores material genético que estes não poderiam ter o devido ao elevado custo. Esse trabalho tem uma importância econômica gigantesca para região do Marajó. Precisamos levar a tecnologia aos produtores para que essa produtividade aumente, melhore a renda, a qualidade de vida e a sustentabilidade, seja ela ambiental, econômica, social, geração de emprego e muito mais”, pontuou Sebastião Rolim.
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O sêmen e os embriões produzidos serão distribuídos entre os produtores da região, com o intuito de melhorar a produtividade do rebanho bubalino. Para minimizar as dificuldades na questão logística de transporte na região, que envolve períodos de cheias e problemas de o a fazendas, e avançar nas pesquisas, foi implantado um laboratório de produção in vitro na Ilha do Marajó, localizado na Escola de Ensino Técnico do Estado do Pará (EETEPA) de Salvaterra.
A médica veterinária da Sedap Anelise Ramos, que também presta serviço à Fapespa e ao Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), fez uma visita técnica à fazenda com a Japonesa e ressaltou que o projeto já apresentou diversos resultados, como inseminações, os primeiros congelamentos de sêmen no Marajó, as primeiras experiências que resultaram no nascimento oriundo de sêmen sexado e o primeiro nascimento por produção in vitro na região.
“A participação das instituições e dos produtores rurais foi, e continua sendo, imprescindível para propiciar o crescimento das biotécnicas reprodutivas na Ilha do Marajó, pois fornece incentivos que fazem, de fato, projetos como esse terem base para atender proprietários e disseminar conhecimentos descritos apenas na literatura científica, fazendo com que, desse modo, a produção da região cresça e se desenvolva cada vez mais”, destaca Anelise Ramos.
O próximo o, de acordo com Sebastião Rolim, é ampliar a quantidade de produtores atendidos pelo projeto. “Hoje a gente pode dizer que temos uma parceria e um projeto aprovado pela Fapespa. Com esse recurso, a gente vai poder ampliar o projeto e conseguir alcançar mais produtores. Isso tem uma relevância muito grande para essa questão de melhoramento genético na ilha do Marajó”, disse o doutor em ciência animal.
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O Pará, segundo série divulgada pelo Núcleo de Planejamento e o setor de Estatísticas da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), em março de 2021, lidera na produção bubalina. É o maior criador de búfalo do Brasil, com 38,13% da produção nacional.
Os dados mostram que das 1.434.141 cabeças produzidas no Brasil, 546.777 são oriundas do Pará (ganho de 5,34% em relação ao ano de 2018), sendo a região do Marajó responsável pela maior quantidade do rebanho bubalino. Os municípios de Chaves (32,09%), Soure (15,41%) e Cachoeira do Arari (8,15%) são os que mais se destacam no segmento.
Fonte: Agência Pará de Notícias